Na primeira vez quando decidi fazer o intercâmbio, a pergunta que eu mais ouvia era: "E tu vai trabalhar no que?" e essa continua sendo a pergunta que mais escuto quando digo que estou indo pela segunda vez. A reação das pessoas em relação à minha resposta continua a mesma além da cara de espanto acompanhada da pergunta "mas tu já é formada aqui no Brasil e vai trabalhar como babá? Vale a pena?". Não é nada incomum ouvir isso e aposto que muitos já ouviram a mesma pergunta e eu sempre respondo que sim, que vale a pena.
A primeira coisa que temos que entender é que, qualquer trabalho realizado na Irlanda e até em outros países da Europa você será valorizado e bem remunerado, diferente do que acontece aqui no Brasil. Você pode ser cleaner (faxineiro), garçom, camareira, entregador de jornal, au pair, nanny, kitchen porter ou ter qualquer outra função que você terá condições de se sustentar e ter uma qualidade de vida boa.
É muito difícil você vir pra cá e conseguir um emprego na sua área de atuação. Não digo que é impossível, mas é muito difícil, a não ser, claro, que você tenha um ótimo nível de inglês e já tenha sua graduação reconhecida aqui, o que se sabe que não é a realidade da maioria.
Na Irlanda, um estudante que trabalhe 20 horas semanais em um subemprego (faxineiro, porteiro, au pair) consegue, além de pagar o aluguel, alimentar-se bem, vestir-se bem (às vezes com produtos de marcas que você jamais compraria no Brasil), viajar para vários países (sem muito luxo), ter produtos eletrônicos de qualidade. Essa vantagem pode ser ainda maior para quem trabalha como au pair live in, ou seja, mora e se alimenta no local de trabalho e ainda, recebe salário.
Para ilustrar esse post, posso usar a minha história e a do Lu como exemplo. Quando chegamos em Dublin o nosso inglês não era tão bom, o que não nos permitia arrumar um emprego dos sonhos. Eu comecei trabalhando como cleaner, na casa de dois irlandeses, o que me proporcionou o contato com o inglês, além de ganhar duas referências de emprego de brinde, o que me ajudou muito arrumar meu emprego de au pair, onde trabalhei e morei com a família por 8 meses, tendo uma evolução fantástica no inglês, muito contato com a cultura irlandesa, além de ter um salário muito bom. Já o Lu, começou trabalhando em uma lavagem de carros de uns indianos, o que proporcionou a ele também um contato com o inglês, o que mais tarde o ajudou a conseguir emprego no hotel como housekeeping e kitchen porter. Era o empego dos nossos sonhos? Era melhor do que os empregos que tínhamos no Brasil? Não, com certeza não, mas foi graças a esses empregos que conseguimos realizar nosso sonho, pagamos aluguel, comemos muito bem, viajamos muito (visitamos 13 cidades diferentes) e conseguimos recuperar boa parte do nosso investimento inicial.
Para quem não conhece essa realidade é inevitável que nós brasileiros tenhamos uma visão de subempregos, pois no Brasil uma babá ou faxineira trabalha muito e recebe muito pouco, e para ter uma qualidade mínima de vida tem que trabalhar muito. aqui todo trabalho é valorizado e bem remunerado.
Quando se faz um intercâmbio, choques ou diferenças culturais são inevitáveis. Coisas que são normais para nós são estranhas aos olhos estrangeiros e vice-versa.
Então para quem está vindo para Irlanda, venha com a mente aberta, sem receio de ter que se submeter a um emprego, esqueçam esse tipo de pensamento e aproveitem o que o intercâmbio tem de melhor.
E então, você está preparado para aceitar a trabalhar em áreas inferiores da que você está acostumado?
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